Pesquisa mostra que 86% das trabalhadoras negras já sofreu racismo

De acordo com uma pesquisa, 86% das trabalhadoras negras relataram ter sofrido casos de racismo. Isso demonstra a importância de se promover a igualdade racial e combater todas as formas de discriminação, violência e exclusão social, para que todos possam desfrutar plenamente de seus direitos humanos.

Hoje, dia 21 de março, é comemorado o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. Uma pesquisa realizada pela consultoria Trilhas de Impacto revelou que 86% das mulheres negras que participaram do estudo já sofreram casos de racismo nas empresas em que trabalham.

A pesquisa intitulada “Mulheres negras no mercado de trabalho” foi realizada através do LinkedIn, com a participação de 155 mulheres entre 19 e 55 anos, sendo a maioria entre 30 e 45 anos. Entre as participantes, mais de 50% possuem nível superior e pós-graduação, enquanto 13,5% têm mestrado ou doutorado, e 24,5% concluíram o ensino superior. As áreas de atuação das entrevistadas incluem educação, recursos humanos, tecnologia da informação, telemarketing, relações públicas, administração e comércio. Os dados foram coletados entre 2021 e 2022.

Juliana Kaizer, diretora-presidente da consultoria, destacou que todas as entrevistadas possuem formação acadêmica e estão formalmente empregadas, o que para ela é um dado relevante. Ela também ressaltou que o fato de ter nível superior não impede que as pessoas sofram racismo, o que considera assustador. Juliana, que é mulher negra e pesquisadora, é professora em cursos de responsabilidade social e sustentabilidade, aluna de pós-graduação e conselheira da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro.

A pesquisa realizada por Juliana revela a realidade das mulheres pretas e pardas no mercado de trabalho, desmistificando a ideia da democracia racial e destacando a existência de racismo mesmo entre pessoas com alto nível de educação. Os dados mostram que muitas mulheres precisam explicar sobre seus cabelos no ambiente profissional e são confundidas com faxineiras, mesmo tendo ensino superior completo e pós-graduação. Mais de 50% das entrevistadas relataram que a cor da pele e o lugar onde moram foram perguntados durante entrevistas online no processo seletivo. A pesquisa também revelou que mulheres negras não crescem na carreira profissional no Brasil, mesmo tendo boa formação, e que empresas criam cargos para justificar salários maiores para homens brancos que desempenham a mesma função que mulheres negras. Juliana espera que as empresas fiquem constrangidas com os resultados da pesquisa e tomem medidas para mudar esse quadro.